Doze
anos depois da primeira tentativa, o Museu Oceanográfico Prof. Eliézer
de Carvalho Rios, ganhou seu anexo mais distante e atrativo: o Eco-museu
da Ilha da Pólvora.
A
história documentada da Ilha da Pólvora, começou no século XIX, com
a aquisição da ilha pelo inglês Thomas Messiter, que a vendeu ao
Governo Imperial (1854). Este, construiu o belo edifício neo-colonial
do paiol, hoje, sede do eco–museu. Nestes 145 anos, o Exército
protegeu, eficientemente, a ilha e o paiol, preservando, integralmente,
o patrimônio paisagístico e natural.
O
projeto Ilha da Pólvora iniciou em 1987, mas só teve recursos
aprovados dez anos depois, pelo Ministério da Educação. A antiga
ilha-paiol do 6o GAC passou a ter obras no prédio principal,
agora transformado em sala de exposições e, também, no pequeno prédio
chamado Casa Dona Zélia, localizado um pouco afastado do prédio
principal, que serve para a permanência da Guarda da ilha e para
depósito do material de manutenção.
Zélia Souza ao lado da placa com o nome da sua
Casa
Zélia na frente do antigo Paiol, atual
Eco-museu
Foram construídas passarelas para que o público possa chegar próximo,
sem prejudicar a flora e a fauna características.
A
Ilha da Pólvora é um espaço natural preservado, de grande riqueza de
espécies vegetais e animais. Durante muitos anos, esteve desabitada,
mas, devido a presença militar, o patrimônio natural manteve-se
intacto, permitindo a preservação. No conjunto de ilhas estuarinas da
Lagoa dos Patos, ela se destaca, pela proximidade do Museu
Oceanográfico e por sua biodiversidade.
Vista
aérea da Ilha da Pólvora
Gaivotas nos poleiros para aves marinhas do
Eco-museu Ilha da Pólvora
Para
o diretor do museu, professor Lauro Barcellos, o objetivo da nova área é
instrumentar ações de conservação e manejo, preservando o valor
biológico, paisagístico, arquitetônico e cultural da Ilha da
Pólvora, transformando-a em área para pesquisa e visitação pública,
viabilizando um espaço privilegiado para ações educativas.
O projeto do Eco-Museu da Ilha da Pólvora, alcançou sucesso, graças
ao esforço, à dedicação e à tenacidade empregados pelo professor
Barcellos e pela sua equipe de colaboradores.
O
longo canal, formado pela ligação da Lagoa dos Patos com o Oceano
Atlântico, chamado Canal do Rio Grande, abriga ilhas, quase-ilhas,
ilhotas, enseadas, canais, sacos, banhados e dunas. . Por isto, tem
tanta diversidade, sendo passagem obrigatória para centenas de aves ou
seres vivos do mar e da lagoa. É nessa região, que se encontra a Ilha
da Pólvora, sujeita a inundações periódicas, pela ação conjunta de
ventos e marés.
A
ilha tem 43 hectares, recobertos por densa vegetação, englobando cerca
de 50 espécies nativas, aptas a suportar longos períodos de
alagamento, tanto de água salgada, quanto de água doce ou salobra. O
ponto mais alto da ilha, encontra-se a 60 cm / 70 cm acima do nível
médio da Lagoa dos Patos.
O
prédio da ilha, representa parte da história do Exército na região.
Na mostra permanente do museu, foram incluídos alguns itens, como
antigos canhões, pertencentes ao hoje chamado 6o GAC.
A
solenidade de inauguração do Eco-Museu da Ilha da Pólvora, ofereceu
uma curiosidade: Zélia Souza, que estava presente, foi a primeira
pessoa que nasceu na Ilha da Pólvora e, talvez, a única nativa. Sua
família morou na ilha, desde o ano de 1927 até 1934. Seu pai, Gil
Sérgio de Souza, era marinheiro do escaler de guerra, subordinado ao
comando local do Exército e tinha, como função, cuidar do paiol da
ilha.
Acima,
temos uma visão parcial, atual, da ilha, com o paiol (Eco-Museu), ao
fundo. Na mesma foto, a partir da esquerda, estão o professor Lauro Barcellos, diretor do museu; Hélio Alves de Souza, irmão de Zélia e
integrante da Classe de 1935; Zélia Souza, a homenageada.
Uma
lembrança da infância (1933), no trapiche da ilha: Célia, a irmã
mais velha, o cachorro Ufa e Zélia.